domingo, 22 de fevereiro de 2009

Pague e não reclame!

Viver em marte foi uma experiência e tanto. Agora que voltei... Bem...

Demorei um bocado pra entender o que anda acontecendo no reino da espoliação tributária nacional, mas acho que "peguei" o sentido das mordidas (não que isso diminuisse a "dor" das mesmas). Eis o que pude deduzir de longas conversas com quem sente na pele o problema:

Até 2007 vigorava (no estado de São Paulo) o Simples Paulista. Uma empresa normal paga inúmeros impostos (mais de 10 com certeza), entre federal, estadual e municipal.

Com o Simples, elas passaram a pagar apenas 3: FGTS, INSS e o próprio Simples, calculado na base de 3% sobre o faturamento bruto mensal (aí incluido o filé minhocão ICMS - que é a fatia do ilustrissimo sr José Serra, nosso governeitor). Todos os meses o Serra fazia a coleta e (sei lá se) repassava a parte do ilustrissimo (mas não tão ilustrado) sr Luis Inácio - nosso mister president (imposto de renda, pis, pasep, cofins, etc e tal).

Ai o Lula resolveu morder o Serra e na calada da noite criou o Simples Nacional, dando cabo e sargendo do Simples Paulista (só sampa tinha um simples do bem, esse de 3% sobre o faturamento). No Simples Nacional, a aliquota passou para 5,4% e passou a ser recolhida diretamente pelo Lula que (sei lá se) repassava a parte do ICMS pro Serra. Note aqui, meu caro leitor amigo, que numa canetada no meio da noite as (coitadas das) micro empresas tiveram um aumento de 2,4% nos impostos, assim, sem mais, nem "menas".

Alguns meses depois o Serra (que de bobo não tem nada) deu o troco, implantando em todo o estado de sumpaulo a Substituição Tributária.

Pausa para uma explicação: o ICMS (que é o principal imposto sobre a circulação de mercadorias) funfa assim: cada produto tem uma aliquota (por exemplo 25%). Cada elo da cadeia comercial (fabricante - distribuidor - revendedor - loja) paga os 25% sobre o preço que praticou, sendo que o seguinte desconta do que tem a pagar, o que já foi pago (senão virava um bolão de imposto sobre imposto). No final o lojista pagava a parte dele, 30 dias após ter feito a venda (e supostamente ter recebido do fregues), já com os descontos aqui chamados de crédito tributário.

Pra exemplificar e simplificar: se o lojista comprou por 80 e vendeu pra você (o otário que paga tudo, no final das contas) por 100, ele (o lojista) deve ao fisco 25 - 20 = 5. Se você chorar um descontinho de 10% e o comerciante fizer por 90, o cálculo muda: 22,50 - 20 = 2,50, pois o valor devido incide sobre o preço final praticado (ou seja, o faturamento bruto mensal da empresa, no caso do Simples). O logista ainda tem (ou tinha) uns 30 dias para pagar o imposto.

Voltando à vaca fria, digo, imposto...

Na Substituição Tributária, o Serra "resolveu" que aquele mesmo produto tem que custar pra você (o otário) uns 120 paus. Como ele decidiu isso? Arrá.... aprenda a votar meu caro leitor! Essa explicação eu deixo pra quando eu mesmo entender o raciocínio dos burrocratas de plantão.

Enfim, o Serra resolveu que vai custar 120 e quem paga o imposto é o primeiro elo da cadeia, ou seja, o fabricante. Então, ele deve ao fisco, ao fabricar o produto e não importando a que preço ele venda, 30 paus (os tais 25% sobre o suposto e imaginado preço final de venda). Só aqui já tem uma marmota: o estado está recendo a grana antes mesmo do produto sair da fábrica ou no máximo assim que sai. É uma excelente fonte de financiamento de gastos publicos e redução de custos operacionais pois se o fisco estadual tinha antes que vigiar milhares de pequenas lojas e barraquinhas, agora ele só precisa vigiar umas poucas centenas de fábricas.

Lógico que o fabricante não vai pagar isso calado e simplesmente repassa os 30 pro distribuidor, que repassa pro revendedor, que repassa, pô, você entendeu). Na ponta, o comerciante paga finalmente os 30 na hora que compra do revendedor (a truta já vem inclusa no boleto de compra da mercadoria). E é claro que ele vai repassar também para o otário, digo, para você na hora que comprar o produto.

A capivara aqui (a marmota já cresceu) é que não importa por quanto ele vender pra você: 100 ou 90 (com desconto), o imposto será sempre o mesmo e já foi inclusive pago. Por baixo, a capacidade do comerciante de "dar desconto" já ficou comprometida. Ok espertinho (pensaria você), e o crédito a receber de imposto pago à mais? Na letra fria da lei do Simples, as micros e pequenas não tem direito a nenhum tipo de restituição, seja lá por que motivo for.

Agora veja só a vaca (cresceu mais um pouco): na Substituição Tributária, o Serra recolhe o dizimo (digo, imposto) diretamente do fabricante e não tem mais nada a repassar pro Lula, não importando inclusive se o comerciante, lá na ponta, for uma micro empresa e portanto operando sob o regime unificado de imposto, conhecido por Simples Nacional. Lula mordeu e o Serra mordeu de volta: briga de cachorro grande, pensaria você.

Não satisfeito, o Serra ainda criou a Nota Fiscal Paulista, para vigiar e conferir se você, o otário, está pagando direitinho o que deve.

"Mas RD, a Nota Fiscal Paulista é um excelente mecanismo para forçar o comerciante (visto sempre como o bandido, ladrão e sonegador) a emití-la e portanto a pagar devidamente os impostos. Tem esse lado da cidadania, de cumprir os deveres de cidadão, fiscal do Sarney, etc, etc, etc.".

Meu amado leitor, não leu o que eu escrevi acima? O Serra faceiramente já pegou a parte dele no começo do processo e nada mais tem a receber, não importando se lá no balcão o comerciante emitiu ou não a nota fiscal. Até porque, para vigiar os fabricantes ele criou a nota fiscal eletrônica, à qual todos (anteriores ao comerciante final) estão sujeitos. E a parte do Lula? Ora, ele que se dane e cuide de receber a parte dele.

No final das contas, o programa Nota Fiscal Paulista serve tão somente para dar poderes de fiscal a todos os consumidores, com remuneração zero (ok, sorteia-se alguns caraminguás para iludir a patuléia e tá limpo).

A tecnocracia estadual escorregou feio na maionese nessa brincadeira. Demorou quase um ano até alguém perceber que o regime de Substituição Tributária não tem como alimentar o cálculo da devolução do imposto, do programa Nota Fiscal Paulista. Um é o oposto do outro e "sortear" premios foi a saida para que o programa não morresse antes da hora. Isso até agora, pois uma norma da receita estadual (vigorando a partir de 01/02/09) obriga os comerciantes a incluir nos cupons fiscais as respectivas aliquotas dos produtos (embora eles próprios não sejam mais os devedores desse imposto pois o mesmo já está pago).

Agora vem a elefanta (ufa, como cresce): não satisfeitos, resolveram aumentar (a partir de 01/03/09) em até 80% as aliquotas que eles usam para calcular os valores considerados finais, para os preços no varejo (o popular no balcão).

Ou seja, de 2007 para cá o valor dos impostos só tem aumentado e os benefícios.... necas.

Bem, não sei como é ai no seu estado, mas aqui no estadão prafrentex agora é assim e a julgar pelo andar da carruagem, logo, logo, assim também será no seu. A menos, é claro, que eu tenha entendido tudo errado e o estado faz o papel do bonzinho nessa história.

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Peixões on line...

Não... não vou falar de pesca...
Quando era apenas um rapaz imberbe, havia poucas possibilidades de conseguir chegar perto de uma garota e mesmo quando se superava esta limitação era preciso superar outras, ainda mais complexas, sem contar que o raio de ação se limitava ao bairro.
Depois cresci, a barba também e fiquei mais malandro e como morava no Rio de Janeiro não era tão dificil assim chegar perto de uma garota, foi uma boa época, não havia doenças sexualmente transmissíveis que matassem e vivia-se uma época em que se usou um termo que hoje soaria meio boiola em círculos mais machistas: Amizade Colorida.
Ai fui ficando gordo, os cabelos cairam e mesmo ainda morando no Rio era meio complicado disputar espaço com a concorrência, mas as mulheres não rarearam... ou melhor dizendo, rarearam sim, mas ampliaram-se as possibilidades, mesmo porque podia-se ir muito além do bairro e da própria cidade.
A primeira namorada de fato que surgiu por meios virtuais era de Santos e valeu cada viagem, especialmente uma que fizemos de Santos para o Rio, num Ford K e que levou uma semana. Viemos pela velha estrada Rio-Santos e paramos em cada praia, cada canto.
Esta moça eu conheci no ICQ, o pai do MSN e o relacionamento aconteceu mais por acaso, depois de uma boa temporada onde conversavamos como bons amigos.
Logo em seguida o mesmo ICQ trouxe outra moça bem interessante, com a qual compartilhei 8 anos de minha vida e quando isso terminou me sentia meio que viciado em usar a Internet para procurar uma parceira.
Mas como se faz ilson? Perguntaria o terráqueo meio desavisado das possibilidades.
Bom, o MSN (filho do ICQ) continua sendo a melhor forma de rodar o molinete e atrair o peixe ou a sereia. Mas não é a melhor opção para as pesquisas preliminares.
A tal pesquisa precisa ser feita em um website de relacionamentos... e há muitos deles, mais ao final coloco alguns e comento sobre as vantagens.
O interessante é que a partir de um website destes o terráqueo encalhado ou a terráquea solitária pode encontrar mais do que uma companhia pra uma noite... claro que depende também de sorte e de uma boa conversa, não é chegar, pedir pra embrulhar e levar pra casa.

TUTORIAL DO PAQUERADOR(A) ON LINE

Algumas dicas fazem-se necessárias... ou corre o risco da sua experiência virtual ser bem desagradável.
O primeiro passo é se cadastrar em uma ou mais serviços, mas atenção... este pessoal cobra e cobra caro. Se tem grana pra jogar fora, mande bala e faz logo uma assinatura premium, ouro ou seja lá como o site chamar, pro outro lado estará "sinalizando" que grana pra você nunca foi problema e terá muitas vantagens sobre os que preferem ficar na versão limitada e gratuita que todos estes sites oferecem.
Ops... mas não tem nenhum gratuito?
Tem sim, eu mesmo estou fazendo um mas tenho algumas outras prioridades a resolver e não garanto quando estará pronto. Se quiser testar veja nos links mais abaixo.
Mas não fui o primeiro a fazer isso de forma gratuita, um americano que cansou de pagar aos sites profissas acabou fazendo um para ele mesmo, é totalmente gratuito e apesar de ser feio pra dedéu (não o dono, o site) é muito eficiente e ainda permite internacionalizar sua busca. Mas não se preocupe, tá cheio de brasileiros e brasileiras por lá.
Mas seguindo nas dicas.... se quiser chamar a atenção precisa colocar suas melhores fotos no site e não adianta apelar, colocar foto do Brad Pitt ou da Angelina, vai pegar mal quando precisar encontrar com o incauto ou incauta que acreditar no engodo.
Também não adianta dizer que tem o corpo sarado se está mais pra uma mamma italiana ou um bochechudo cappo, se não quiser mentir, omita, mas não minta que vai pegar mal.
Preencha tudo, diga se fuma ou se não fuma, se tem filhos, se quer ter, se quer apenas uma aventura de uma noite ou passar a vida pegando no pé da vitima. Tem gosto pra tudo.
E não fale demais... especialmente se não for bom com palavras, diga o minimo sobre você, o essencial e o que realmente quer da outra parte interessada, isso facilita tanto encontrar quanto ser encontrado.
Depois de preencher tudo, apenas aguarde o monte de email que o site vai te mandar, com indicações interessantes, e algumas delas muito interessantes mesmo.
Claro que se for um usuário da parte gratuita terá grandes limitações, pois os sites não liberam de jeito nenhum o email ou o MSN da outra parte a não ser que voce pague.
Mas não é nada que a criatividade não resolva... eles tem um monte de caras lá pra checar se você deu dicas sobre seu MSN ou outras formas de ser encontrado(a) na Net. Um simples nick que seja igual a seu MSN servirá não só como dica mas também como teste de inteligência da outra parte.
Mas ainda nem começou a festa...
Depois de descobrir o MSN ou um email de alguém que atenda aos seus interesses vem a parte mais complicada, que é convencer a pessoa de que você é muito legal.
Ai não posso dar muitas dicas, cada um tem seus méritos... recomendo apenas continuar seguindo a regra básica do relacionamento virtual: omita, mas não minta.
Se é homem e careca e tem vergonha disso não comente, mas procure - discretamente - saber o que a mulher pensa dos carecas. Se é mulher e acha que tem olhos de cores diferentes, orelha grande demais ou seios pequenos demais não se preocupe pois a maioria dos terráqueos nem está se lixando pra isso, mas se está muito acima do peso, por exemplo, procure saber se o cara gosta de carne e evite falar que está "gordinha" isso pra um homem é o mesmo que dizer "sou uma baleia, mas me considero sereia". Faça o mesmo que o careca... fique na sua e sonde o terreno, pois tem caras que adoram apenas as mais cheinhas.
E não tem essa coisa de ser velho ou novo, tem gente de todas as idades nestes lugares e muitos preferem justamente pessoas mais ... digamos, experientes.
Ou seja... nada de mentir na idade, se tem apenas 17 anos fique na sua e saiba que nem devia estar ali, mas tudo bem.... diga que tem 18 que ninguém vai notar. Mas se tem 67 é recomendável que assuma pois tenha a certeza que haverá outros ali na sua faixa ideal, inclusive alguns que não estão mas curtem os mais experientes... sacou?
Outra coisa... se está lá a fim de apenas uma noite de prazer, não fique fingindo que quer namorar dois anos antes do primeiro beijo e se esta é sua preferência então informe, para evitar justamente alguém que quer namorar por dois anos se encontrar com outro alguém que quer sexo no primeiro minuto... não costuma dar certo.
Depois de muita conversa (ou pouca) vem o famigerado primeiro encontro.
Se a pessoa mora na Australia e você no Brasil recomenda-se cautela, se for uma garota russa de 24 anos, loira e linda ainda mais cautela pois tem muita embromação neste meio, converse muito, troque fotos, telefone... é fácil descobrir se alguém existe realmente ou não com a convivência virtual.
Mas se a pessoa mora na mesma cidade ou logo ali... parta logo para o primeiro encontro, pois ele é decisivo.
Se não passar neste teste não se iluda... não vai rolar.
Tenho alguns amigos e amigas na Internet que NUNCA conheci pessoalmente e alguns são mais antigos que a própria Internet, pois já usava isso no Video Texto ou BBS, não necessáriamente nesta ordem. Mas são amigos... é diferente, dá pra ser amigo até de um Klingon através da Internet e neste caso é melhor não conhecer.
Mas se a idéia é namorar o Klingon (epa!) o melhor é tratar de conhecer logo e se sobreviver a este primeiro encontro e quiser um segundo é porque vai rolar algo.
A regra de ouro é... seja você, não invente pois se inventar vai ter um sério problema, estará rodeado(a) de admiradores.
Se estiver se perguntando:

- Mas pra que serve tudo ilson?

Entonces, signfica que não quer conhecer outras pessoas ou quer mas não quer admitir, nesce caso perdeu seu tempo lendo este post e nem recomendo que siga algum dos links a seguir.

Vamos aos links, com alguns comentários:
  • www.centraldesites.net/cv
    Não... não é uma subsidiária do Comando Vermelho, CV quer dizer Cupido Virtual, seu que o nome é meio - digamos - babaca, mas o amor é babaca mesmo então deixa assim. O nome é provisório, assim que o site ficar pronto receberá um dominio próprio. Mas pode ir lá, cadastre-se e seja um beta-tester deste projeto, ajude a fazer para ter o primeiro site - verdadeiramente gratuito - de relacionamentos no Brasil;
  • www.plentyoffish.com
    Coloquei o termo no Google Translator e a resposta foi algo como "abundância de peixes"... beleza, um nome bem melhor que Cupido Virtual. A diferença é que tá cheio de perfis de homens e mulheres, muito bom, cheio de recursos, apesar de não primar pela beleza do design, mas quem tá lá pra ver isso? O único problema é que o candidato precisa dominar um pouco de inglês pra navegar por ali. Totalmente di grátis, 0800, free mesmo;
  • www.parperfeito.com.br
    O Par Perfeito é um dos mais conhecidos, também é conhecido por outros nomes pois aparentemente o programa é uma espécie de franquia. Muito bom, cheio de recursos interessantes, mas a prestação é meio salgada, só quem tiver pelo menos 30 pratas pra pagar por mês vai usufruir de todos os recursos. E este parece ser o preço padrão dos sites de relacionamentos, quase todos cobram nesta faixa. Recomendo o uso pois tem pessoas interessantes lá, para ambos os sexos e podem ir tirando esse sorrisinho da cara, pois sou hetero convicto, mas já ajudei algumas amigas a usar o sistema, então sei que funciona bem para os dois lados (epa!);
  • www.match.com
    Este é a versão da Microsoft para site de relacionamento, parece ser bom mas nunca usei o suficiente pra ter certeza, é do tipo que manda SPAM o tempo todo e complica ao máximo as possibilidades, por isso desisti de usar, mas tem muita gente lá, então deve ter algo de bom;
Há muitos outros, inclusive uns especializados em sexo de todos os tipos e variantes e não posso fazer uma relação pois não sou tão viciado assim, sempre entrei nestes sites pra procurar uma parceira fixa e quando encontro deixo pra lá (o site, claro) e o bom é que mesmo aquelas que não passam no teste de pele (ou me reprovam) podem vir a se tornar boas amigas.
É isso, se está na solidão e quer sair, use o computador pra outras coisas além de jogar Paciência.
Não espere milagres... mas tenha a certeza que novos planetas se abrirão.

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O que você não tem não é o que você vê

Como todo artista gráfico formado na época do aerógrafo com nebulizador deve saber, o que importa é a idéia por trás da arte, e não a técnica usada pra transmitir essa idéia, certo?

Esta visão parece meio auto-indulgente pois, sob certo ângulo, dá a impressão de que você pode alcançar o mesmo resultado pintando com aerógrafo ou casca de batatas, por exemplo. De todo modo, tal conceito sobreviveu bem na transposição das artes gráficas tradicionais para o reino da arte digital: aqui, é como se o mais importante fosse o artista que opera o programa, e não os recursos específicos que este ou aquele software oferece. Num mundo ideal, portanto, seria indiferente usar Corel ou Illustrator (ou ainda, vá lá, cascas de batatas no scanner): o que conta mesmo é o homem por trás da máquina e sua capacidade de emocionar o leitor.

Hã... Então tá. Mas em se tratando de softwares, não há como negar que certos recursos permitem ao artista expressar mais rápido (seria ousado demais dizer "melhor"?) certas visões que, de outro modo, talvez nem tivessem como chegar até o leitor.

Um bom exemplo é o método de redimensionamento de imagens apresentado por Shai Avidan e Ariel Shamir no Siggraph de 2007. A princípio batizado de seam carving e depois content-aware image resizing, este algoritmo foi instantaneamente popularizado por um vídeo viral que o demonstrava em ação, sendo logo implementado no Photoshop, Gimp e outros editores gráficos mais ou menos conhecidos (quem não tiver nenhum desses programas pode testá-lo aqui).

Pra quem não conhece, este algoritmo detecta áreas de influência numa imagem, preservando os pontos focais e limitando o redimensionamento aos pixels de menor importância estatística. Basicamente, isto permite preservar um barquinho enquanto se redimensiona o oceano, mas é uma idéia que pode ser aplicada em muitas outras, errr, dimensões interessantes.

Por exemplo, nesta pinup do mestre Al Moore (um dos sucessores do Vargas na revista Esquire) que ilustra este blog:


Como se pode ver, a moça teve algumas proporções ligeiramente exageradas a fim de que ilustração ocupasse toda a largura da página da revista. O problema é que as colunas deste blog são bem mais estreitas do que uma página impressa. Se usássemos a técnica tradicional de reescalar diretamente a largura e a altura do original, aplicando as proporções das imagens do blog, o resultado ficaria mais ou menos assim:


Urgh! Nem mesmo algo que o sobrinho menos talentoso do Al tivesse coragem de mostrar.

É aí que a sacada do content-aware resizing mostra ao que veio. A beleza de se usar este recurso no Photoshop é que ele permite controlar facilmente as áreas de influência da imagem, bastando pintar uma máscara por cima dos pixels a serem preservados durante o redimensionamento. Com alguma astúcia, então, pintei máscaras sobre as áreas-chave da imagem original e apliquei o content-aware resizing:


Ahhh... Bem melhor agora (em mais de um sentido, como observaria o Divino).

(Claro que precisei trapacear um pouco em alguns pontos, mas mesmo assim o truque me permitiu fazer em alguns instantes uma edição que, de outra forma, eu levaria vários minutos para completar usando recortes isolados).

Por fim, alguém poderia observar que a imagem resultante não é "igual" à original. De fato, a escolha de outras áreas de influência produziria um resultado diferente, e portanto, toda imagem produzida com este método vem a ser uma reinterpretação da imagem original. Em outras palavras: o content-aware resizing apimenta a trama da novela "o que você vê não é o que existe", comprimindo ainda mais (e de maneiras ainda menos perceptíveis) o espaço entre o real e a manipulação.

Então, já sabe: não acredite nas supermodelos das revistas, nas pinups deste blog, nem na sua foto no Facebook - com os avanços da manipulação de imagens, somos todos cascas de batatas.

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Essa é velha...

De vez enquando algum amigo manda um link de algo bem antigo e apesar da desconfiança de que será um dejavu (portanto falha na Matrix) vai-se lá pra conferir.
Anote ou clique no link:

http://www.goear.com/listen.php?v=dac6c1f

É uma conversa gravada com um atendente da MS, onde primeiro liga uma filha da fulana e depois a própria fulana. Elas querem - porque querem - que o atendente tire a estrelinha azul que impede sua cópia pirata do XP de funcionar direito.
É um primor da ignorância, da falta de educação e da paciência (do atendente) mas a verdade é que a MS invadiu mesmo com este procedimento, só lamenta-se que não tenham levado porradas maiores do que algumas donas subindo nas tamancas.
Enfim... é a vida neste planeta de loucos.

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Atualize seu sérebro!

Homessa, mal o dia começou e trombei com duas pataquadas bem ao estilo inhambiquara.

Primeiro uma campanha para atualizar os navegadores, o que, segundo a própria, visaria facilitar a vida dos desenvolvedores e dar mais e modernos recursos aos internautas.

Segundo uma demonstração de imoralidade intelectualoide, bem ao gosto dos descoladinhos da rede de todas as mães, sobre a campanha "bote um peito ai, menina", ocorrida na Suécia (seja lá onde for essa tal de Suécia).

Tenho certeza que a exposição prolongada ao ar marciano provocou danos irreparáveis à minha pobre massa cinzenta, mas venhamos e convenhamos: dãammm, desde os tempos das cavernas (não necessariamente as de marte) que os marqueteiros da época exageravam nas proporções, sabe-se lá por que cargas dágua. Então santa, não se descabele só porque tem blogueira que entra no jogo. O (i)mundo é assim mesmo.

Elefoas, cá entre nós e que ninguem nos leia: desconfio mais da blogueira que botou a boca no trombone do que da gostosona que peitou a paradinha (no bom sentido, claro). Fala sério, qual das duas você acha que "rendeu" mais para a empresa?

Quanto aos navegarores, sorry, mas uns trinta por cento da população internética ainda estará usando IE6 por mais que vocês detestem o Bil, a Maicroçofiti, o Uindous e o IE.

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domingo, 1 de fevereiro de 2009

U kno i nd some1, hlp!

Era um serviço curto, mas alguém tinha de fazê-lo: depois da estenografia, do nuuchahnulth, dos guinchos das baleias jubarte e do MiGuxXxês, agora é a vez do 140it tentar botar ordem nessa babel de criptogramas que tanto prejudica a agilidade da comunicação no conectado mundo contemporâneo.

Para quem não conhece, o 140it é um projeto de meio-expediente (dãã) de dois programadores do Yipit, cujo funcionamento é muito simples: antes de postá-la, o usuário introduz a sua fala de agradecimento na cerimônia do Oscar, e o 140it tenta converter o tal discurso no formato telegráfico de 140 caracteres ou menos usado no Twitter (pode não parecer nada, mas com essa idéia os rapazes conseguiram mais espaço na mídia do que com sua outra proposta, um serviço que reduzia frases inteiras em islandês a monossílabos átonos, e que jamais decolou porque aparentemente eles não tem vogais na Islândia).

Para atingir essa concisão, o 140it usa um avançado algoritmo que abrevia endereços e elimina algumas vogais supérfluas das palavras. Eis como ficaria, já devidamente convertido ao dialeto do 140it, um trecho da célebre canção hlp!, que a banda inglesa thbtls compôs em homenagem à célebre tecla F1:

hlp! hlp! i nd smbdy, hlp! not jst nybdy, hlp! u kno i nd some1, hlp. whn i was yngr, so mch yngr thn tdy, i nvr ndd nybdy's hlp in any way. but now ths dys are gn, i'm not so slf ssrd, now i fnd i've chngd my mnd i've pnd up the drs.

Enfim, que Cultura Inglesa e dicionário Michaelis, que nada: quem diria que o suporte acadêmico indispensável para se tornar fluente no Esperanto do século 21 seria a sua velha coleção do Coquetel Corujão Master.

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Maçã quente

E por falar em gadgets que gostaríamos de ter, o iPhone andou soltando faísca em mais um concurso: o eletrizante campeonato nacional da radiação em celulares. De acordo com a Anatel, o aparelho A1241 da Apple – mais conhecido como iPhone – é um dos celulares com maior emissão de radiação encontrados no país, perdendo apenas para o dispositivo que o Homem Radioativo usa para se comunicar com o Caidaço Boy, e para um tal HTC Touch Dual P5530.

Enfim, talvez isso explique porque todo usuário se sente tão radiante com seu novo iPhone, ou ainda porque as mulheres ficam tão eletrizadas toda vez que alguém tira estrategicamente o aparelhinho ainda bloqueado do bolso e diz "venda todas as minhas ações da Apple!".

(Nota: apesar de algumas taxas parecerem chocantes, os especialistas asseguram que a radiação emitida pelos celulares é absolutamente inofensiva para o homem, em particular se o seu nome for Jonathan Osterman ou David Banner).

Enquanto estamos nisso, bem que podiam aproveitar e medir a emissão de radiação de outros gadgets "quentes" como o iPod, por exemplo. A julgar pelo jeitão das pessoas neste vídeo, as taxas de radiação emanadas pelo popular tocador de MP3 também parecem estar bem acima do razoável. Bzzrrrt!

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Os e-books voltaram. Mas pra onde eles haviam ido?

Deu no New York Times que após serem ignorados por quase uma década, os e-books finalmente estão bombando, em parte devido ao aumento da popularidade do Kindle, o leitor de e-books da Amazon.

Epa, como assim o Kindle – aquele brinquedinho que todo mundo concordou em deixar pra lá porque era difícil de manusear, limitado, preto-e-branco, lento e nem um pouquinho cool?

Bem, quase: estamos falando do novo Kindle, que ficou mais rápido, graças aos avanços da tecnologia, e incrivelmente cool, após os elogios recebidos no popular programa da apresentadora Oprah Winfrey (estranho como ninguém na MS tenha pensado em algo assim para tentar salvar o Windows Fiasco da vista, quero dizer, bom, você entendeu).

Não deixa de ser irônico que essa volta por cima se dê num momento em que as vendas dos livros impressos (aqueles, que havíamos combinado que nunca iriam acabar) estejam caindo nos Estados Unidos, e depois de portáteis mais charmosos como o iPod, o Blackberry e os netbooks terem se tornado bem mais populares do que o Kindle sem a necessidade de nenhum empurrãozinho em programas de TV.

(Sempre se pode argumentar que é desconfortável ler "A Montanha Mágica" na telinha de um netbook, mas experimente buscar no Google "autores alemães de livros enormes" com o Kindle para comprovar que o desconforto pode ter dois lados - e uns botõezinhos parecidos com pastilhas de borracha).

De todo modo, a ressurreição do Kindle na mídia americana traz novamente o foco para dezenas de leitores de e-books alternativos dos quais nem seus fabricantes ousavam mais falar. Com a súbita profusão de alternativas de leitura, ou até mesmo por causa dela, resta saber se os leitores ainda terão paciência para encarar até o fim um clássico como Moby Dick, ou se vão achar mais prático ir deslizando a barra de rolagem para baixo até descobrir se o Capitão Ahab consegue capturar a sua presa – e longa vida aos livros de tecnologia, administração, política e auto-ajuda, cuja compreensão independe da maneira e/ou da ordem em que foram (ou mesmo se foram) lidos.

Enfim, tudo indica que a leitura de álbuns para colorir ainda não está inteiramente resolvida nesses dispositivos, então de minha parte, acho que vou deixar passar mais uma vez.

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